terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ejaculação Precoce


"A Ejaculação Precoce, definida como a incapacidade de controlar ou adiar suficientemente a ejaculação, para que os parceiros achem prazer nas relações sexuais, é um problema que aflige grande parte dos homens, principalmente os adolescentes no inicio da atividade sexual. Quanto mais cedo for procurada ajuda mais fácil o tratamento".

Histórico

Em outras épocas, autores discutiram os conceitos psicossexuais predominantes, começando com o ponto de vista de Abraham (1917/1949) de que a EP (Ejaculação Precoce) era uma reprodução da enurese infantil. Mas, Shapiro, em 1943, constatou que, de 1.130 casos de EP, apenas 8% tinham história de enurese.

Outros acreditavam que a EP estivesse relacionada com a histeria, em pessoas de orientação predominantemente homossexual e que experimentavam culpa pela masturbação.

A teoria psicanalítica considera a prematuridade um sintoma neurótico e, como tal, suscetível apenas de tratamento psicanalítico.

A teoria freudiana da causalidade propõe que o ejaculador prematuro esconde sentimentos sadistas intensos, mas inconscientes, em relação às mulheres.

Ejaculação Precoce


Atualmente, sabemos que tal como o mecanismo do orgasmo na mulher, a ereção e a ejaculação em um homem ocorrem quando um estímulo genital adequado ativa as vias nervosas da medula espinhal inferior.

A sensibilidade dessas vias é, por sua vez, aumentada ou diminuída por mensagens que descem a medula espinhal, oriundas do centro sexual do hipotálamo, na base do cérebro.

A ejaculação precoce é um tipo de infortúnio que parece desenvolver-se muito cedo na vida sexual do homem. Muitos, quando adolescentes, ficam condicionados a um rápido gozo na masturbação, por ser esta uma atividade secreta, escondida, perseguida pela culpa e pelo medo da descoberta.

Este impulso na direção do desempenho rápido geralmente é transferido para a primeira experiência com o sexo oposto; acrescente-se aí o fato muito comum de visitarem prostitutas, cujo principal interesse não é a realização sexual do parceiro, e sim um breve intercurso.
Ou, o que é mais freqüente nos dias de hoje, a primeira relação sexual de um rapaz pode acontecer no banco de trás de um automóvel, de um jeito apressado, não planejado, ou num sofá, na casa da garota, com o medo premente de que os pais dela possam voltar a qualquer momento.

Em todas essas situações acha-se presente não somente a excitação sexual, mas também uma boa dose de desempenho rápido. Esses são alguns pontos primários que seguem a EP.

Situações que podem gerar posteriormente a EP são apresentadas quando o homem alimenta sentimentos hostis de desconfiança ou de insegurança, de despeito frente à "luta pelo poder" etc., em relação a sua esposa, ou coito num relacionamento clandestino, onde predominam sentimentos de culpa.

Outra situação semelhante é quando se usa do "coito interrompido" para evitar a gravidez. Além de não ter valor como preservativo, há aumento do nível de ansiedade.

Ações provocantes da parceira, a percepção de que ela deseja fazer sexo (caça x caçador), a "ditadura do orgasmo", a mulher deixando de ser "objeto" e passando a ser "sujeito", as circunstâncias de inibição (defeitos físicos, mito do pênis pequeno etc.), que são eventos regulares e previsíveis e algumas vezes normais, tornam-se subitamente caóticos e imprevisíveis quando a atividade hipotalâmica é lançada num estado de desorganização por excesso de ansiedade.

As mensagens do centro cerebral tornam-se irregulares e aleatórias, e podem deflagrar uma ejaculação precipitada.

Podemos pois afirmar que, quando a ejaculação precoce aparece desde os primeiros encontros sexuais, esta deriva de experiências condicionantes adversas na infância, resíduos de culpas adquiridas durante a masturbação na adolescência e/ou das primeiras vivências sexuais, onde predominaram: uma grande expectativa, elevada excitação sexual, alta ansiedade e pouca habilidade, gerando alguns "desastres", em resposta ejaculatória, pois nesse caso a incontinência pode ser indicativa de doença séria e/ou tratável.

Embora tais casos sejam extremamente raros, essa condição pode ser causada por enfermidade local da uretra posterior ou, como ocorre com a perda súbita do controle urinário, a incontinência ejaculatória secundária pode ser sintomática de patologia ao longo do trajeto do nervo, que serve aos mecanismos do reflexo que controlam o orgasmo (medula espinhal, nervos periféricos ou centros nervosos superiores).

Isto pode ocorrer na esclerose múltipla ou em outros distúrbios neurológicos degenerativos.

Entretanto, causas orgânicas são muito raras, principalmente em homens jovens e/ou aparentemente sadios.

Tratamentos

Devido à dificuldade em definir e identificar a causa da ejaculação precoce, temos também uma dificuldade em propor o tratamento mais adequado e que solucione o problema a curto prazo.

De qualquer forma, o tratamento deve visar um aumento do período de latência ejaculatória, independentemente da causa parecer ser biológica ou psicológica.

Apesar da angústia e sofrimento do paciente com o problema, é necessária a contínua obtenção de dados e informações. Entre estes se destacam o perfil médico e o sexual.

A pesquisa de informações sobre o paciente possui não somente caráter diagnóstico, como também visa elucidar as causas psicológicas e biológicas da EP, que compõe sua etiopatogenia. O diagnóstico mais comum enquadra distúrbios de fundo psicológico, como traumas, tensão e estresse, e de caráter biológico, como cirurgias pélvicas ou urológicas e medicações em uso.
Uma investigação clínica completa deve conter dados sobre: a história clínica do paciente (como mencionado acima); sua função ejaculatória (tempo de latência, controle), sua atividade sexual (freqüência, avaliação detalhada de sua parceira, interação sexual, etc.), perfil psicológico (contexto sócio-cultural, histórico da disfunção, relação com situações específicas, etc).

A partir de um quadro detalhado, que contenha os dados acima expostos, o médico poderá optar por um tratamento mais individualizado, que atenda melhor o paciente dentro do contexto próprio de sua doença.
As opções de tratamento são muitas. Incluem as inúmeras formas de psicoterapia e várias opções farmacológicas. Todos possuem indicações específicas, e somente um profissional capacitado está habilitado a indicar a melhor terapia para cada paciente.

Tratamento farmacológico
Na década de 60 notou-se que os antidepressivos possuíam como efeitos colaterais o retardo ou a inibição completa da ejaculação e do orgasmo. Atualmente há uma variedade de antidepressivos no mercado que possuem menos efeitos colaterais e melhores resultados.

Um medicamento representante dos antidepressivos, indicado para tratamento da EP, é a clomipramina. Este medicamento alcançou aumentos médios no tempo de latência de 2 a 7 minutos. Entretanto, os estudos com clomipramina relatam que 10 a 30% dos pacientes não respondem bem à droga. Pacientes com EP complicada por insuficiência erétil (dificuldade de ereção) não alcançam os mesmos resultados. A fluoxetina e a paroxetina também apresentam efeitos da inibição ejaculatória. Estas drogas apresentam menos efeitos colaterais, parecem interferir muito pouco com o desejo sexual e com a ereção, no entanto não são tão eficazes quanto a clomipramina. Conclui-se que a clomipramina parece ser a opção mais eficaz para inibir a resposta ejaculatória, mas pode não ser bem tolerada por muitos pacientes, e deve ser bem avaliada sua indicação.

Tratamento Psicológico
As causas psicológicas aventadas para a explicação da EP são várias. Entre elas está a hostilidade reprimida à mulher, o medo de perda importante da autoconfiança durante o ato sexual, bloqueios quanto a percepção da própria sexualidade e problemas na disputa pelo poder pelo casal, entre outras. Existem teorias que enfocam a ansiedade, geral ou específica ao ato sexual. Tal ansiedade foi criada, e até mesmo condicionada, pelo impacto das experiências anteriores, excepcionalmente rápidas devido a circunstâncias adversas. Poucas pesquisas clínicas disponíveis apóiam uma ou mais das suposições citadas acima.

Intervenções Comportamentais - As intervenções comportamentais e cognitivas demonstram maior eficácia. O método comportamental "stop-squeeze" (pára-comprime) é um exemplo. Esse método sugere que o homem avise a sua parceira quando sentir a vontade de ejacular aproximando-se. Neste ponto interrompe-se o ato sexual e a mulher aplica pressão manual na glande do pênis, até ocorrer redução da vontade. O método de "pára-comprime" pode ser treinado, inicialmente, com a masturbação.

Outro método, o "start-stop " (começa-pára), para o tratamento da Ejaculação Precoce, utiliza uma pausa, ao invés de um aperto no início da fase ejaculatória. Acredita-se também que a posição durante a relação sexual, com a mulher por cima ou a posição lateral, permitem um maior controle da ejaculação.
A terapia ambulatorial semanal resulta em um alto índice de sucesso (80-90%), em homens com Ejaculação Precoce. Os terapeutas sexuais apresentaram, com o passar do tempo, suas próprias variações desses métodos ou mesmo a criação de novos métodos.

Para o sucesso, apesar da variedade de métodos, o homem deve estar atento quanto as suas sensações sexuais para saber exatamente quando interromper o movimento. O casal deve ter habilidade para abordar amplamente a expressão sexual e criatividade durante o ato. A participação da parceira é de grande importância na solução do problema.

Varias outras abordagens podem ser utilizadas no tratamento da ejaculação precoce, entre elas estão Tratamento em grupo e o tratamento psicoterápico individual.

O Tratamento em grupo é um tipo de tratamento para a Ejaculação Precoce cujos dados são ainda contraditórios. Alguns se beneficiam ao saberem que seus problemas sexuais não são exclusivos, ao saberem como outros casais também lidam com esses problemas. Por outro lado, a maioria dos homens considera a Ejaculação Precoce um problema altamente particular e não se sentem à vontade em discutir o assunto na presença de outros casais, tornando esta forma de tratamento inviável.

O Tratamento psicoterápico individual não é tão bem sucedido quanto o trabalho feito com os casais. O tratamento individual, na ausência da parceira, diminui a possibilidade de utilização de técnicas como, por exemplo, o "começa-pára" e o "pára-comprime".Estas técnicas, no entanto, podem ser adaptados para a masturbação. Mas a presença da parceira facilita significativamente o tratamento.

Finalmente, é importante salientar, que a principal arma para o tratamento, é o reconhecimento do problema, pesquisa de suas causas e ajuda de um profissional capacitado, pois sabemos que a utilização de técnicas folclóricas e caseiras não trazem resultados e podem agravar o quadro. A ejaculação precoce é um problema comum e de grande repercussão na vida sexual do casal.

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