quarta-feira, 20 de abril de 2011

O VALOR DO SEXO NA RELAÇÃO

Qual é o valor do sexo para um homem e para uma mulher? Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) com 8.200 brasileiros em dez capitais confirmou a versão dos botequins. Para a mulher, sexo é a oitava prioridade na vida. Para o homem, é a terceira. “Homem faz sexo para se sentir bem. Mulher precisa se sentir bem para fazer sexo.” A afirmação é de Carmita Abdo, professora de psiquiatria na USP e coordenadora da pesquisa.

Eram dez os itens de qualidade de vida listados na pesquisa. Para as mulheres, a satisfação com o sexo só ganha de “exercícios regulares” e “férias regulares”. Todo o resto seria mais importante: alimentação saudável, convívio com a família, horas de sono, trabalhar no que gosta, cuidados com a saúde, convívio social, atividades culturais. Os homens enxergam duas únicas coisas mais valiosas que o sexo: alimentação saudável em primeiro lugar e tempo de convívio com a família.

É verdade que a pesquisa não incluiu futebol. Sem futebol no domingo, a felicidade do brasileiro depende, pela ordem, de três prazeres: mesa, casa e cama. Ele só pensa naquilo. Ou nem tanto. A macarronada e a família vêm antes. Seria mais fácil para um homem ser feliz? Ele exigiria menos da vida e se comprometeria menos?

O gênio do cubismo espanhol Pablo Picasso teve uma meia dúzia de mulheres oficiais, muitas amantes, morreu com 91 anos e, quando lhe perguntaram por que era tão cruel e frívolo com o gênero feminino, respondeu que não era nada disso: “As mulheres são máquinas de sofrimento”. Resumia assim o que o homem médio adora dizer. Que mulher reclama demais. Complica demais. Exige demais. De tudo e todos, e mais dela mesma.

Naturalmente eu não imaginava que o sexo teria o mesmo significado para eles e elas, especialmente em pesquisas, que lidam com médias. Mas achar o sexo menos importante que atividades como o sono, hobbies, cultura e encontros com amigos talvez seja, nas mulheres, um sinal de desconhecimento do próprio corpo e dos efeitos benéficos do prazer e do orgasmo sobre todo o resto da vida – o sono, a saúde, a produtividade e o humor. Será que andam em falta na cama imaginação e fantasia? Ou homem mesmo?

Para a mulher brasileira, sexo é a oitava prioridade.
Será que falta imaginação ou homem mesmo?

Um dos segredos do amor eterno é exatamente o sexo satisfatório. “Temos muito tesão, sem o qual nada pode seguir adiante”, diz Bruna Lombardi, sobre os 30 anos de casamento com Carlos Alberto Riccelli.

No ano 2000, a OMS (Organização Mundial da Saúde) incluiu o sexo oficialmente como um item de qualidade de vida. Junto à satisfação no trabalho, em casa e no lazer. Foi com base nesse estudo que a USP encomendou a pesquisa.

“Como já se sabia, a mulher não precisa de tanta frequência de relações sexuais”, diz a psiquiatra Carmita. “Mas ela está mais exigente. Quer que os parceiros cuidem mais da aparência.” E hoje, segundo a pesquisa, quase metade das brasileiras (43%) faria sexo com alguém sem envolvimento afetivo. Essa é uma tremenda mudança. Mas a maioria ainda prefere o sexo com amor.

Num sentimento, homens e mulheres são iguais. É o que conclui a pesquisa. A maior preocupação deles e delas, na hora do sexo, seria agradar ao outro. Não se sabe se por generosidade, submissão ou egocentrismo. O tal “foi bom para você” costuma ser um chavão. Masculino. Ser bom de cama é um desejo comum de dois.

Quatro livros sobre sexo e repressão foram reveladores, entre outros. A função do orgasmo, de Wilhelm Reich (1897-1957), polêmico psiquiatra austríaco. Eros e civilização, de Herbert Marcuse (1898-1979), filósofo alemão. Erótica, contos da francesa Anaïs Nin. E quase todos os livros do americano Henry Miller.

Nos anos 60 e 70, a discussão do orgasmo feminino ganhou contornos radicais e manifestações de rua. Para quê? Para o sexo se tornar nossa oitava prioridade? Ou pior. Outra pesquisa acaba de revelar que quase metade das mulheres nos Estados Unidos prefere internet a sexo. Mulheres, não subestimem o prazer. Homens, mostrem o seu valor.

Fonte: Revista Época, matéria de Ruth de Aquino

Cada vez mais pessoas estão aderindo a uma concepção que caracteriza o sexo por um ato de prazer como fim último em si mesmo e, como tal, sujeito a tudo. Dessa maneira, assim como quase tudo que nos trás prazer está sujeito a um valor, porque não estaria também o sexo?

Pensando assim muitos esquecem de que objetos não são pessoas e por isso acabam tratando o ato sexual com os mesmos critérios nos quais dão valor a coisas e também a utilizam.

Pensar no sexo como um ato último de prazer significa literalmente coisificar aquele(s) que o pratica(m), porque assim como o outro que entende o prazer estando estritamente associado à cerveja do final de semana e por isso paga para tê-la, o que vê no sexo apenas o prazer como finalidade também paga para tê-lo, pois sob essa ótica a única diferença entre esses dois elementos é que um é bebida e o outro é sexo, mas no final são apenas coisas.

A essa altura você pode se questionar: mas o sexo não é prazer? Sim, claro, no entanto não é só isso, acredite! Além de prazer é também a união emocional e afetiva entre duas pessoas, ainda que não se conheçam, ainda que se ignorem ou percebam o envolvimento emocional a que estão envolvidos .

O valor do sexo não esta no ato propriamente, mas na pessoa. Quando excluímos a imagem do OUTRO para substituí-la pela de uma satisfação pessoal estamos na verdade dando o valor a COISA, que nada mais é do que meu próprio prazer. Pensaremos um pouco mais sobre este assunto em outro momento.

Um comentário:

  1. Gostei muito dessa postagem,aborda um tema de que sempre conversamos e que foi melhor falado aqui.A forma como a mulher vê o sexo é exatamente essa,ele vem sempre em segundo lugar mesmo,e a forma como fazemos sexo(homens e mulheres)ainda é essa do prazer,e muitas vezes do próprio prazer,o que torna o sexo cada vez mais distante da cabeça das mulheres.

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