Antes de virar marca de chocolate, Lady Godiva era uma lenda que ilustra a fantasia de muitos. Diz a lenda que entre os anos 968-1057, na Inglaterra, na região de Coventry, havia um rei, Leofric III, que cobrava pesados impostos de seu povo. Sua mulher, Lady Godiva, muito bondosa e piedosa, implorava ao marido que fosse mais humano com seus súditos. Ele não cedia. E um dia, como ela não deixava de insistir, ele lhe fez uma contraproposta, evidentemente, para humilhá-la e mostrar uma vez mais seu poder sobre o povo: que ela desfilasse nua sobre um cavalo pela cidade e ele aboliria os impostos excessivos.
Pois a nobre mulher aceitou o desafio em favor do povo que sofria nas mãos de seu tirano marido. Ele, aparentemente liberal, tinha muito ciúme de sua linda esposa. Como não poderia voltar atrás no que disse, pois seria ridicularizado perante seus súditos, impôs uma condição: ninguém poderia vê-la desfilar nua. Todas as portas e janelas deveriam estar trancadas durante o cortejo. Pode-se imaginar como essa nudez se tornava logo mais erotizada não só pela presença desse cavalo em pêlo onde ela ia totalmente nua, apenas coberta por sua longa cabeleira, mas a interdição tornava a cena ainda mais erótica. E no dia ansiado, lá estava Lady Godiva sobre o cavalo ondeando suas formas, oferecendo sua nudez real e imaginária, posto que ninguém deveria, ou poderia vê-la. Mas como em toda lenda, há um transgressor; o indiscreto Peeping Tom resolveu fazer um buraco na janela de sua casa para ver a nudez real passar. Ele desafia a interdição imposta, mas como castigo é punido severamente com cegueira pelo Rei.
O voyeurista, aquele que quis ver a nudez da Lady Godiva era um alfaiate. Justamente o alfaiate que sabia cobrir o corpo alheio com as roupas mais apropriadas, foi aquele que ousou ver a “roupa original” de Lady Godiva, ou seja, o pleno esplendor de sua nudez. Portanto, aquele que por profissão cobre a nudez do corpo é o mais curioso para ver a Lady nua e paga um preço caro por isto.
Dizem que é daí que veio a expressão "peeping tom" em inglês, significando “olhar às escondidas”. Na França onde esta prática foi mais difundida, a expressão voyeur vem do termo Voul Ver, que literalmente significa: Cuidar da vida alheia.
A prática do voyeurismo na era contemporânea manifesta-se de várias formas, mas uma de suas características marcantes é quando o voyeur não interage com o objeto (pessoas que praticam o ato e muitas vezes sequer têm ciência de que estão sendo observados). À espreita, o voyeur observa a ação com o auxílio de binóculos ou câmaras, o que servirá de estímulo para a sua masturbação, durante ou após a observação. No entanto, o voyeur, pode ou não se masturbar enquanto observa, uma vez que a gratificação sexual pode advir do simples fato de olhar. A própria situação de risco provoca a excitação.
No caso do voyeur que observa práticas sadomasoquistas, quase sempre não há esse “escondimento”, pois nas comunidades que se agrupam para esse fim, a exposição de cenas é comum entre os adeptos. O que não deixa de chamar a atenção do voyeur, já que seu prazer está na observação da cena. Existem adeptos do BDSM que sentem prazer das duas formas, tanto na observação como na execução da ação em si, seja na condição de Dominador, submisso, Sádico, ou masoquista.
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