O sexo virtual ou cibersexo nada mais é do que uma forma de masturbação em grupo. O sexo virtual é comum em canais de IRC e outras salas de bate-papo. O foco do desejo fica centrado na virtualidade do prazer sexual, contribuindo para um isolamento sócio-afectivo.
Tipos de práticas
Existem basicamente três maneiras de transcrever um sexo virtual pela internet:
- Criando uma história, ou uma fantasia. As duas ou mais pessoas, contribuem para criação de um cenário onde ocorre o sexo virtual, este cenário existe apenas nas suas mentes. Geralmente uma pessoa escolhe aquela fantasia que lhe proporciona mais prazer. Isso aproxima muito a masturbação simples do sexo virtual, quase que botando a outra pessoa apenas na posição de narrador.
- Descrevendo fatos ou acontecimentos vivenciados. É muito comum a idéia de voyerismo, em que se tem acesso a informações intimas de outra pessoa. A descrição de um fato, seja primeira relação sexual ou uma experiência diferenciada, é muito próxima da fantasia.
- Finalmente, através da masturbação on-line ou descrição da situação presente. Esta seria a forma mais interativa do sexo virtual, pois duas ou mais pessoas praticam a masturbação por meio da observação direta (webcam) e/ou através de meios auditivos (microfone e fones de ouvido ou embutidos no próprio ordenador). Os adeptos deste tipo de prática, vão sugerindo ou solicitando o que gostariam de ver ou ouvir do(s) parceiro (s), de forma que satisfaçam seus desejos sexuais mais íntimos.
Sexo Virtual
O domínio do computador por um número cada vez maior de pessoas, aliando as facilidade dos envolvimentos a distância e a privacidade oferecida pela Internet.
Os desejos e fantasias se expressam de forma explícita e ao mesmo tempo, sigilosa, pelos caminhos da net, desencadeando uma nova e não menos grave moléstia, os viciados pelo sexo virtual.
Pesquisas revelam que os Estados Unidos, são hoje detentores de mais de dois milhões de pessoas viciadas em sexo virtual.
Pessoas que chegam a navegar entre 15 a 20 horas por semanas, senão mais, nos sites de sexo.
No Brasil não temos dados estatísticos mas certamente somos também detentores de um número respeitável de brasileiros, viciados em sexo virtual.
O que pode acabar acontecendo é que os relacionamentos pré-existentes se tornem tão frágeis que muitos casamentos e relações estáveis podem se desfazer.
As pessoas criam uma fantasia tão mágica com relação a necessidade da própria sexualidade que o sexo se transforma em excitamento imediato com tanta força, que o simples fato de estar frente ao computador, pode desencadear um estímulo sexual incontrolável.
São homens e mulheres que vivem as próprias fantasias sexuais através de imagens e simulações levando a uma excitação tamanha que as torna sexualmente satisfeitas, desprezando assim, a sensação da necessidade real do contato sexual.
A pessoa passa a viver a própria sexualidade de forma virtual, sem o contato com o outro, numa manifestação velada de masturbação usando para isso, a imagem do outro.
O policiamento pessoal e a determinação, serão aliados importante no combate a este auto-isolamento virtual, pois a compulsão a visitar os sites de sexo, faz com que as pessoas vivam uma desestabilização psicológica, o sexo passa a ter o significado da realização imediata do desejo, sem o verdadeiro empenho na conquista ou interação pessoal.
O isolamento e a privacidade os tornam exclusivos, ajudaria se as pessoas colocassem os computadores em locais visíveis, protegendo-se do enclausuramento virtual.
O sexo virtual se apresenta como um novo desvio da sexualidade e da conduta sexual.
O trabalho psicoterápico, parece ser o caminho mais eficiente no combate a suas causas. O sexo pode e deve ser divertido e excitante, a fantasia é sua grande aliada para um excitamento agradável e prazeroso, mas é com carinho, toque, comunicação e atmosfera da relação com o outro a grande solução para a realização sexual, sem falar do pleno prazer proporcionado no contato com o parceiro.
Transformar o desejo e desenvolvimento sexual numa exclusiva atitude virtual, poderá convergir mais cedo ou mais tarde em transtornos conseqüentes, tais como impotência ou apatia sexual.
O prazer sexual, tenderá a se fechar no mundo virtual, o contato com o outro tenderá a ser visto como um retrocesso, o que definitivamente saudável. O sexo é um complemento da relação, precisa da conivência e da participação do outro. A fantasia pode ser o tempero, mas não deve ser o único meio de excitação e realização sexual.
O sexo virtual, quando vivido de forma sistemática, pode trazer como consequencia a destruição de relacionamentos e carreiras profissionais, uma vez que o foco do desejo pode ficar centrado na virtualidade do prazer sexual, contribuindo para um isolamento perigoso e doentio. Os relacionamentos a distância são sempre muito sedutores, a realidade nem sempre sendo necessário aprender a lidar com as diferenças O perfeito idealizado parece real, o perfeito virtual pode acabar anulando a capacidade da conquista real.
A virtualidade favorece as situações sexuais novas, através da máquina, a pessoa, pode dar vazão as mais variadas fantasias, pode se excitar ao ponto de produzir um grande orgasmo, com a masturbação da era virtual.
A gravidade da situação não é a coisa em si, mas a compulsão que pode tornar esta forma de excitamento com a única válida na vivência da própria sexualidade, aí começam os transtornos psicológicos, a materialização do conflito sexual.
A Net pode ser uma grande cortesã, uma aliada nos relacionamentos, pois facilita que as pessoas se expressem mais e melhor, o pensamento se transformando em palavras bem elaboradas, é o sentimento aparecendo com mais transparência.
A virtualidade precisa ser usada como uma grande aliada no desenvolvimento dos relacionamentos e da própria sexualidade, saber usar a favor e não contra, os benefícios serão expressivos.
A facilidade que o virtual fornece é que provoca seu uso inadequado e excessivo, transformando o sexo, em sua primeira vítima, principalmente porque mascara as verdadeiras dificuldades sexuais.
Como podemos nos esconder atrás e através da máquina, a fantasia e os desejos podem ser vividos de modo explícito, sem o risco da timidez , da vergonha e da loucura.
O sexo virtual nada mais é do que uma forma de masturbação como tratamos acima, o que pode até ser salutar, o problema portanto não é a masturbação virtual, mas a exclusividade da vivência sexual virtual.
(Dr. Cássio dos Reis - Psicólogo, Psicanalista e Sexólogo )
Alguém precisa falar disso. De laboratórios médicos e exames.
Bom, se você é mulher é um pouco diferente. Além dos exames básicos, tem mais um monte. Não sei. Pode ser por causa da idade, pode ser porque a medicina agora é diferente. É preventiva. A gente tem que fazer os exames antes de ficar doente.
Vou contar exatamente como tudo aconteceu. Fui no médico, ginecologista. Ele me examinou, sentou e foi preenchendo no receituário dele. Não parava mais. Pensei. Não devo estar bem. Ele me olha, ri. Não é exagero não. É preciso saber como vão as coisas ai dentro.
Peguei as receitas e guardei na bolsa. Fiquei adiando para marcar, seria uma chateação, levaria tempo.
Um dia tomei coragem, marquei tudo no laboratório. Uns exames eles faziam na hora, outros eu tinha que "estar agendando", me disse a moça, explicando. Vamos lá. Pra tal exame, jejum de comida de três horas, para o outro, oito horas sem beber água. Para aquele outro, você fica sem urinar por 6 horas. Nesse daqui, nada de sexo por 48 horas. Sem álcool, por três dias para esse aqui. E nada de creme nem óleos de banho na região abdominal no dia deste outro.
Nos dias dos exames, de manhã, eu nem me mexia. Já embaralhara tudo, me esqueci metade das regras, e achei que era melhor não fazer nada, dentro dos limites máximos. Fiquei sem fazer xixi, sem comer, sem beber nada, quase imóvel. Era melhor nem me tocarem, para garantir.
Cheguei lá com a receita na mão. A mocinha me deu um número, me mandou esperar a minha vez. Ia apitar.
Piii. A senhora aguarda na sala 2 subindo a escada à esquerda porta vermelha no canto. Já comecei a me atrapalhar. Tudo tem muita instrução, a gente parece barata tonta. Me senti completamente confusa e burra, pedindo para as mocinhas repetirem cada passo a passo. Pois cada exame tem um tal de um passo a passo. Uma hora a gente tira só a parte de cima da roupa, em outro leva um potinho para o banheiro e recolhe só a urina do meio do jato, em mais outro tira toda a roupa, coloca o avental e uma pantufa e espera no vestiário sem nada metálico no corpo, depois entra numa sala e só desce a calça, depois aguarda mais meia hora bebendo água sem parar.
Fui obedecendo e fazendo tudo. Tirando um monte de tubinho de sangue, fazendo xixi no potinho, recebendo as instruções para aquele horroroso exame de f. , que, por mais que eles dêem instruções, a gente nunca sabe como fazer na hora que chega em casa. Uma vez o Mário Prata falou, numa crônica de um livro, o passo a passo dele. Não me lembrava como era, nem qual era o danado do livro, e adiei uma semana para entregar. Também não vou contar mais nada. Não fica bem. Uma moça.
Mas chegou a hora que eu queria contar. Dizem que fazer exame de próstata é horrível. Acredito. Mas exames ginecológicos, juro, é quase a mesma coisa.
Primeiro, aquela mesa. Precisa abrir tanto as pernas da gente? E tão lá no alto? O pior é que o nosso bumbum fica voando, no ar. Não sei se dá para entender a posição, mas que não tem nada embaixo dali, não tem. Nem onde se agarrar, de medo de cair. Daí entra uma mocinha, com um aparelho de plástico que abre e fecha, horroroso na mão e fala para você: a senhora fica bem relaxada.
Relaxada?
Impossível, mocinha. Mas se a senhora ficar relaxada dói menos. Bom, isso quer dizer que dói de qualquer jeito. Dói mais ou dói menos, mas ela sabe que alguma coisa dói. Então relaxar para quê? Fiquei toda retorcida, gemendo. E ainda tive que ouvir da doutora no fim: escuta, toda vez que você faz esse exame é esse escândalo? Saí dali emburrada.
Passei para um outro. Uma máquina apitava sobre mim. Ia me pesquisando. Tinha que ficar imóvel. Parecia que me imprimiam. Ou me passavam por fax. Deve ser a mesma sensação que sente a folha de papel.
Esperei mais um tempo, lendo revista. Veio a moça, berrou meu nome. Senhora, agora as mamas. As mamas o quê? É, inventaram esse nome agora. Sempre ouvi falar que a gente tinha "peito". Mas agora é "mama", e o exame consiste em fazer um belo dum esmagamento do teu peito. Eu, que tenho pouco peito, nunca vi uma coisa igual. Parecia que tinham passado um rolo compressor sobre as minhas "mamas", coitadas. Ficaram enormes, planas. Tão diferentes, que mereciam mesmo um outro nome. E eu em pé, de braços abertos. Numa pose, digamos, bem ridícula. Tenho certeza que as atendentes do laboratório saem de vez em quando da sala para não cair na gargalhada na frente da gente.
Aí veio mais um exame, esse, olha, a coisa mais esquisita de todos. Entrei numa salinha, veio um doutor. Ele primeiro ficou passando geléia na minha barriga, ultra-sonando. Era geladinho. Gostoso. Ele escorregando, aqui e ali, digitando num computador do meu lado. Bem, achei que tinha acabado, ele me deu um papel e me instruiu: limpe o abdômen, vá ao banheiro, esvazie a bexiga e retorne aqui. Voltar? É. Temos (eles têm mania de falar tudo no plural, repara) mais um exame. Interno.
Interno?
Achei esquisito, desconfiei. A mocinha, ajudante dele, me explicou. É um ultra-som lá de dentro, senhora. Lá de dentro? É. De dentro. Teu médico pediu. Bom, voltei do banheiro, esvaziada e intrigada. O doutor sentou, fez uma cara seriíssima, eu olhei para a mocinha ao lado dele. Minha cúmplice. Foi quando ele pegou uma camisinha, e abriu. Juro! Camisinha de verdade! Colocou num... num... numa coisa parecida com aquilo mesmo. Mas igual um mouse, ligada num fio no computador. Com uma bola na ponta! O que era aquilo...? E na maior cara de pau, encheu de geléia por cima e me mandou relaxar, de novo. Eu, hein? Fiquei mais dura que estátua. Ele não olhou minha cara, pois era tudo muito... profissional. Mexia para lá e para cá, parando às vezes para teclar no computador. Olha, realmente, é muito esquisito. Queria morrer de vergonha daquela relação tão íntima com aquela máquina.
Dizem que isso é muito comum hoje em dia, não é? Sexo por computador. Mas essa coisa é nova, e muito mais intensa. Chama-se sexo... com o computador. Será que ele estava conectado na internet?
Lúcia Carvalho, paulistana nascida em 1962, é arquiteta e escritora. Teve uma de suas crônicas — Mulheres, mães e mindinhos — publicada no livro “Buscando o seu mindinho – um almanaque auricular”, do escritor Mário Prata, Editora Objetiva – Rio de Janeiro, 2002. Participa, como cronista, de um livro sobre espaços escolares, que foi distribuído pelo MEC para todos os diretores de escolas públicas do Brasil, sob o título "Espaços e Pessoas", onde, segundo Lúcia, “minhas crônicas (são 10, uma para cada espaço) iniciam cada um dos capítulos e são muito divertidas." Também publica eventualmente, como colaboradora, crônicas na Revista da Folha de São Paulo.
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